O setor eólico em Espanha orgulha-se da sua constância, adaptação, visão de cadeia de valor e competitividade, qualidades que a convertem na tecnologia líder do mix energético nacional. Com 23% de cobertura da procura e cerca de 32 GW instalados, a indústria eólica espanhola demonstrou ser fundamental para a segurança e estabilidade do sistema elétrico. Recentemente, a Associação Empresarial Eólica (AEE) celebrou o seu Congresso Anual Horizonte Eólico 2025, reunindo mais de 300 profissionais para debater o futuro de uma tecnologia que conta com 276 centros de fabricação no país.
O setor eólico, sendo a primeira tecnologia do mix elétrico em Espanha, destaca a sua sólida cadeia de valor industrial, com mais de 270 centros industriais que sustentam a tecnologia ‘made in and by Europe’. Contudo, enfrenta desafios significativos. A presidente da AEE, Rocío Sicre, salientou a necessidade de mais eólica e mais rápido para cumprir as metas, indicando que o ritmo atual de instalação (1.188 MW em 2024 vs. >5 GW/ano necessários) não é realista para atingir os objetivos do PNIEC de forma sustentável. Sicre também destacou a importância de um ‘campo de jogo’ equilibrado entre Europa, China e Estados Unidos face à evolução dos custos.
Entre os principais entraves estão os longos prazos administrativos e a aplicação pendente do conceito de “Interesse Público Superior” para projetos renováveis, crucial para a segurança energética num cenário geopolítico tenso. A AEE também abordou a discussão sobre a segurança do sistema elétrico, especialmente após eventos como o ‘apagão’ de 28 de abril. Rocío Sicre afirmou categoricamente que a eólica “não é, em caso algum, fonte de instabilidade” e possui capacidade para aportar serviços ao sistema que garantem segurança e estabilidade, como demonstrou com penetrações superiores a 60% em certos momentos sem comprometer o sistema. Por sua vez, Miguel Rodrigo, do IDAE, realçou os avanços na repotenciação circular, com a conversão de 1.205 aerogeradores antigos em apenas 167 mais potentes e a construção das seis primeiras centrais de reciclagem de pás em Espanha, um passo fundamental para a economia circular e para o futuro da indústria, incluindo a emergente eólica offshore.
A expansão da energia eólica em Espanha, com cerca de 32 GW instalados e contribuindo para 23% da procura, alinha-se diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Impulsiona o ODS 7 (Energia acessível e limpa), fornecendo uma fonte de eletricidade autóctone e competitiva, e o ODS 13 (Ação climática), ao evitar emissões de gases com efeito de estufa comparáveis à circulação de milhões de veículos. Além disso, projetos como o de Soba demonstram o impacto local positivo, gerando receitas e melhorias em infraestruturas rurais, fomentando a coesão territorial.
Com desafios regulatórios, tecnológicos e de aceitação social pela frente, mas com uma indústria robusta e capacidade de inovar, o setor eólico em Espanha continua a traçar o seu caminho. Conseguirá acelerar ao ritmo necessário para cumprir as metas ambiciosas e garantir a sua competitividade global, mantendo o seu papel central na transição energética e na segurança do sistema? O “Horizonte Eólico” traçado hoje dependerá das ações e colaboração de amanhã.
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